Este blog é destinado a divulgaçao cientifíca e projetos do Programa PIBID bem como assuntos relacionados a Química

segunda-feira, 22 de março de 2010

QI das Celebridades Internacionais



QI é um número obtido pela comparação entre os acertos de um indivíduo cujo nível de habilidade mental se quer conhecer e o de uma população de referência num determinado teste padronizado. Com isso, tem-se uma medida relativa da capacidade intelectual, estabelecida em função de comparações.

Segue abaixo os valores aproximados dos QIs de algumas celebridades internacionais.

Al Gore (QI = 141)

Perfil
: Vice-presidente dos EUA durante o governo Clinton e candidato a presidente nas últimas eleições, porém derrotado, pelo atual presidente George W. Bush.

Observações: Apresentou uma excelente carreira política, a qual foi coroada pela posição de braço direito do presidente responsável pelo período de maior prosperidade de toda a história dos EUA. Claramente demonstra ser superior ao seu ex-adversário George W. Bush em termos de eloqüência, pensamento analítico e rapidez de raciocínio.

Arnold Schwarzenegger (QI = 132-135)

Perfil: Fisiculturista austríaco naturalizado americano que ganhou diversas vezes os títulos de Mr. Universo e Mr. Olímpia, constando no Livro Guiness de Recordes como o melhor atleta do gênero de todos os tempos. Mais tarde, tornou-se um famoso ator de filmes de ação que atualmente é um dos indivíduos mais bem pagos do cinema mundial.

Observações: Schwarzenegger passou de ser um fisiculturista de sucesso, para tonar-se um milionário homem de negócios e, em seguida, um ator. Logo no início da sua carreira dramática conquistou um Globo de Ouro na categoria Melhor Revelação e posteriormente produziu uma filmografia de ação e comédia repleta de sucessos de bilheteria. As pessoas que o conhecem pessoalmente sempre lhe descrevem como sendo um homem extremamente inteligente, bem educado e de gosto muito refinado.

Asia Carrera (QI = 148-152)

Perfil
: Famosa atriz americana de filmes pornográficos, conhecida no meio como "a nerd do pornô" e por produzir e manter o seu próprio website chamado Asia Carrera's Buttkicking Homepage!

Observações: De origem japonesa, ganhou diversos prêmios acadêmicos em Línguas e Matemática ao longo da sua vida estudantil. Exímia pianista, tocou Lecuana e Bach no Carneguie Hall aos 13 e 14 anos de idade. Formou-se em Administração e Língua Japonesa, via bolsa de estudos, pela Rutgers University. É membro da Mensa. Ela afirma que saiu de casa e entrou na indústria do sexo (sem arrependimentos) devido à incapacidade de suportar a pressão excessiva dos seus pais para que atingisse o sucesso.

Adolf Hitler (QI = 141)

Perfil
: Infame ditador alemão que inicialmente levou o seu país à prosperidade econômica, porém, mais tarde, exterminou sistematicamente mais de seis milhões de pessoas, invadiu a Áustria, a Polônia, a França e a Rússia, e levou o mundo à II Guerra Mundial.

Observações: Apesar das suas atrocidades e da sua ideologia racista, Hitler mostrou-se sempre como um brilhante orador, um excelente estrategista político e um homem com grande capacidade para conquistar, manter e administrar o poder. Lamentavelmente, todos os seus talentos parecem ter sido canalizados exclusivamente para o mal.


Albert Einstein (QI = 160)

Perfil
: Físico alemão ganhador do Prêmio Nobel de Física e autor da famosa Teoria da Relatividade.

Observações: Einstein gerou uma revolução na Física ao expor as suas idéias sobre espaço e tempo, mudando para sempre a forma como o universo é compreendido. Foi reconhecido, ainda em vida, como um dos grandes gênios da humanidade.




Andrew Wiles (QI = 170-180)

Perfil
: Matemático inglês que ganhou notoriedade por completar a peça final do quebra-cabeças na demonstração do famoso Último Teorema de Fermat, um enigma que ficou sem solução por 358 anos.

Observações: A simples formação Matemática e o nível de abstração em que trabalha já seriam suficientes para creditá-lo como um superdotado, quanto mais as suas próprias contribuições na área.


Frank William Abagnale Jr. (QI = 136)

Perfil
: Norteamericano famoso por tornar-se o maior fraudador/falsário da história dos EUA. Além de roubar milhões de dólares através dos seus cheques falsificados com perfeição, ele também conseguiu passar-se por professor do ensino médio, piloto de avião, médico e advogado, tudo isso antes de completar 19 anos de idade. Após ser preso, foi recrutado para trabalhar no setor de fraudes do FBI americano e, posteriormente, tornou-se um dos melhores e mais bem pagos consultores de segurança contra fraudes.

Observações: Filho de um comerciante americano fracassado e de mãe francesa, o jovem Abagnale descobriu e explorou fraquezas no sistema bancário, na burocracia organizacional e mesmo na percepção das pessoas para realizar os seus golpes, os quais se destacaram pela inteligência, criatividade e audácia.

Gary Kasparov (QI = 190)

Perfil
: Foi o mais jovem campeão mundial de xadrez da história, e também o que atingiu o mais elevado "QI enxadrístico" de todos os tempos. Ficou famoso por ser desafiado e derrotado por um supercomputador chamado Deep Blue, fabricado pela IBM apenas para esse fim.

Observações: Um dos melhores jogadores de xadrez de todos os tempos, Kasparov também apresenta interesses intelectuais outros, tais como música, literatura e história.


Geena Davis (QI = 140)

Perfil
: Atriz americana que tornou-se mundialmente conhecida ao estrelar o famoso filme Thelma & Louise, papel pelo qual ganhou o Oscar.

Observações: Esta boa atriz de cinema e televisão apresenta múltiplos talentos, tais como a escrita (publicou diversos artigos e contos) e o arco e flecha (foi cotada para compor a seleção americana nas Olimpíadas).



George W. Bush (QI = 102)

Perfil
: Ex- Presidente dos EUA, antigo Governador do Texas, notório por tanto por sua postura forte e conservadora quanto por suas gafes verbais.

Observações: Tornar-se Presidente dos EUA é algo que, por si só, deveria requer um intelecto acima da média, contudo, George W. Bush geralmente é tido como um indivíduo simplório, obtuso e pouco perspicaz.



Hillary Clinton (QI = 140)

Perfil
: Esposa do Presidente americano Bill Clinton, ex Primeira-Dama dos EUA e, atualmente, Senadora pelo estado de Nova Iorque.

Observações: Tida como a mentora intelectual de várias ações do Governo Clinton, o seu próprio marido admitia considerá-la "mais inteligente" do que ele mesmo. Muitos crêem que ela provavelmente será a primeira mulher a ser presidente dos EUA.



Isaac Asimov (QI = 160)

Perfil
: Famoso autor de ficção científica que publicou mais de 500 obras abordando com grande profundidade temas como robótica, viagens espaciais, sociedades tecnocráticas, Biologia Molecular, Astrofísica e Cosmologia, dentre outros. Ao longo de sua vida, recebeu diversos prêmios Hugo e Nebula.

Observações: Asimov publicou a sua primeira obra aos 19 anos de idade. Com doutorado em Bioquímica pela Columbia University, tornou-se professor na Boston University, mas abandonou a carreira acadêmica aos 39 anos para se dedicar exclusivamente ao trabalho literário. Suas obras envolvem não apenas fantasia mas também a reflexão acerca de idéias inovadoras, contribuindo tanto para a divulgação científica quanto para a expansão do conhecimento.

James Woods (QI = 180-190)

Perfil
: Excelente ator, muito bem aclamado pela crítica, que já contracenou com alguns dos maiores nomes de Hollywood.

Observações: Estudou Ciência Política no prestigioso M.I.T., onde ingressou via bolsa de estudos. Na infância, quis ser cirurgião oftalmologista, mas foi impedido por uma lesão que lhe prejudica os movimentos das mãos. Ingressou na carreira dramática sem qualquer treinamento, conseguindo o seu primeiro papel mentindo sobre ser natural de Liverpool na Inglaterra (e imitando perfeitamente o difícil sotaque das pessoas daquela região).

Jayne Mansfield (QI = 142*)
* Convertido a partir de um escore de 163 no teste de Cattel.

Perfil: Famosa atriz loira e sensual lançada no cinema para fazer frente a Marylin Monroe.

Observações: Tida como inteligente e intelectualmente interessante pelos seus colegas e conhecidos, ao longo de sua vida e carreira tentou, em vão, chegar a interpretar papéis mais "sérios" do que o estereótipo da loira sensual e burra, porém, morreu jovem sem de fato alcançar o seu intento.

Jim Morrison (QI = 148-149)

Perfil
: Brilhante e influente músico dos anos 70, líder e vocalista do famoso grupo The Doors, sendo conhecido por suas letras profundas e criativas. Morreu jovem em virtude de problemas com álcool e drogas.

Observações: Ao longo de toda a sua vida Morrison demonstrou um enorme interesse por Filosofia e por temas associados à expansão da consciência (o que motivou suas experiências com drogas). As pessoas próximas o descreviam como intelectualmente genial.

Jodie Foster (QI = 132-135)

Perfil
: Excelente atriz que aos 14 anos de idade foi indicada ao Oscar em seu primeiro papel cinematográfico e tornou-se a primeira a ganhar dois Oscars antes dos 30.

Observações: Em sua infância e juventude cursou programas especiais para superdotados e concluiu o ensino médio como a melhor da sua turma na prestigiosa Lyceé Francais e graduou-se magna cum laude em Literatura Inglesa pela não menos prestigiosa Yale University.

John Forbes Nash (QI = 160-190)

Perfil
: Brilhante matemático que ganhou fama tanto por ter ganho o Prêmio Nobel de Economia de 1994 quanto por conseguir se recuperar de uma esquizofrenia paranóide.

Observações: Filho de um pai engenheiro eletricista e professor universitário e de mãe formada em Letras, também professora, Nash destacou-se na adolescência pelo seu interesse matemático e científico. Ele ingressou na prestigiosa Princeton University por meio de uma disputada bolsa de estudos e lá desenvolveu a noção de Equilíbrio que, décadas mais tarde, levaria o seu nome e lhe renderia o Prêmio Nobel. Também foi capaz de superar a doença mental e produzir diversos trabalhos importantes em Matemática avançada.

Judit Polgar (QI = 175)

Perfil: A melhor jogadora de xadrez do mundo, um dos 10 melhores enxadristas do planeta.

Observações: Nascida na Hungria, foi educada em casa pelos pais, os quais adotavam visões heterodoxas acerca da educação. Suas irmãs também são todas campeãs internacionais de xadrez.




Koko (QI = 90)

Perfil
: Gorila fêmea que conquistou a fama por ter aprendido um vocabulário de mais de 500 palavras na linguagem dos sinais dos surdos-mudos.

Observações: Koko foi treinada por pesquisadores norte-americanos para estudos em inteligência animal. O sucesso do experimento permitiu um aprendizado bastante sofisticado de vários assuntos, possibilitando a aplicação de um teste de QI.


Liam Gallagher (QI = 143 *)
* Convertido a partir de um escore de 163 no teste de Cattel.

Perfil: Guitarrista, vocalista e compositor do grupo inglês Oasis, uma das bandas inglesas mais influentes e de maior sucesso dos últimos tempos.

Observações: Autor de vários sucessos do Oasis, inclusive dos que atingiram os postos mais elevados da famosa revista Billboard 200. Recusou o Prêmio Ivor Novello de melhor compositor por ter que dividí-lo com um desafeto. Desprovido de modéstia, compara a qualidade dos seus dois primeiros discos com os trabalhos de John Lennon, Jimi Hendrix, Ray Davies e Steve Marriott, e sugere que, mais adiante, superará em muito os Beatles.

Linus Pauling (QI = 170)

Perfil
: Famoso cientista americano, o único ser humano a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes, sendo o primeiro de Química e o segundo da Paz. Na Ciência, produziu trabalho revolucionário acerca da estrutura atômica das proteínas. Na política, liderou diversos movimentos contra a guerra e contra o uso de armas nucleares.

Observações: Nascido de família modesta, filho de um farmacêutico, muito cedo Pauling teve que ajudar a sustentar a família. Apesar da pressão da sua mãe, nunca largou formalmente a escola, conseguindo equilibrar trabalho e estudos graças à sua capacidade de aprender por conta própria. Superando as adversidades, formou-se em Engenharia Química e produziu trabalhos de ponta que lhe conquistaram uma ótima reputação. Ele era conhecido (e freqüentemente criticado) pelos seus saltos intuitivos, pela sua independência de pensamento e pela sua franqueza.

Madonna (QI = 140)

Perfil
: Performer que, mais do que apenas uma cantora, é também atriz e dançarina. Conhecida por sua atitude irreverente e gosto por polêmicas, seus cachês e vendas de discos atingem a casa das centenas de milhões de dólares.

Observações: Uma verdadeira self made woman, apresenta na gerência da própria carreira uma das maiores mostras da sua capacidade intelectual, conseguindo continuamente renovar-se e manter-se em evidência há mais de 15 anos num ramo conhecido pela trajetória efêmera dos artistas.

Marilyn Mach vos Savant (QI = 190-228)

Perfil
: O ser humano com o maior QI do mundo, segundo o Guiness Book of World Records. É responsável pela coluna Ask Marilyn da revista Parade, onde responde a perguntas, problemas e enigmas envolvendo matemática e ciência em alto nível.

Observações: O seu elevadíssimo QI pode ser considerado como fidedigno, dados os critérios rigorosos do Guiness. Assim, é de se esperar que ela apresente certos prodígios intelectuais. O seu desempenho no Parade, contudo, mostra-se muitas vezes duvidoso, havendo diversas ocasiões em que especialistas demonstram que ela forneceu respostas erradas.

Mark David Chapman (QI = 121)

Perfil
: Psicótico que tornou-se mundialmente famoso por assassinar a tiros o famoso músico, compositor e cantor John Lennon em 1980.

Observações: Desde criança Chapman afirmava ouvir vozes vindas das paredes, as quais atribuía aos "Pequeninos". Atormentado, chegou a tentar o suicídio, sendo tratado para depressão e esquizofrenia paranóide. Quando questionado acerca do motivo de ter morto o ex-Beatle, citou uma série de livros, cartazes, letras de música, melodias e fotografias os quais ele acreditava terem sido enviados como sinais especiais para que ele realizasse a sua tarefa.

Mohammed Ali (QI = 120-130)

Perfil
: Ganhou uma medalha de ouro nas Olimpíadas e apresentou uma brilhante carreira profissional que o levou aos títulos americano e mundial mais de uma vez, sendo considerado por muitos como o melhor pugilista peso-pesado de todos os tempos.

Observações: Durante a sua brilhante carreira, Ali deliberadamente montou uma estratégia de entrevistas pré-combate baseada no estabelecimento de uma imagem de arrogância e autoconfiança, o que se mostrou eficaz tanto para a sua promoção perante o público quanto para a desestabilização emocional dos seus adversários. É conhecido por suas declarações poéticas, tais como a de que iria "voar como uma borboleta e picar como uma abelha".

Nicole Kidman (QI = 132-135)

Perfil
: Atriz australiana ganhadora do Globo de Ouro e estrela de vários filmes de sucesso e também de peças da Broadway. Atualmente é uma das profissionais mais bem pagas do ramo.

Observações: Filha de um pai bioquímico, psicólogo e escritor e de mãe enfermeira e educadora (ambos ativistas políticos), Nicole foi criada num ambiente de debates intelectuais de todos os tipos. Durante toda a sua infância e adolescência estudou dança, teatro e mímica, tendo recebido educação formal em teatro. Abandonou a escola para cuidar da mãe doente e para perseguir a carreira artística.

Paul Allen (QI = 160-170)

Perfil
: Co-fundador da Microsoft, teria sido ele a convencer Bill Gates a abandonar Harvard para produzir e vender software. Desde então saiu da empresa, mas tem realizado vários investimentos de sucesso na área através da sua Vulcan Ventures e é dono da Asymetrix, uma empresa de e-learning.

Observações: Nos primeiros anos da Microsoft, Paul Allen sempre foi o visionário, o pesquisador e o desenvolvedor de novos produtos, deixando os negócios a cargo de Bill Gates. Antecipou em décadas o surgimento e a importância da multimídia, da Internet e da popularização da tecnologia da informação. Aprecia música, cinema, literatura clássica e mergulho.

Richard Feynman (QI = 123-127)

Perfil
: Físico americano participante do Projeto Manhattan, ganhador do Prêmio Nobel e grande divulgador da Ciência, famoso por suas excelentes palestras.

Observações: Suas características pessoais mais marcantes eram a sua grande curiosidade e o seu gosto por problemas lógicos, sempre investigando as causas e implicações desde pequenos fenômenos do cotidiano até os aspectos mais profundos da matéria.



Richard Nixon (QI = 143)

Perfil
: Presidente dos EUA até 1974, quando foi forçado a renunciar devido a um escândalo político associado a espionagem partidária.

Observações: Além do óbvio fato de ter atingido a presidência dos EUA, onde se destacou pela política externa, apresentou um brilhante histórico acadêmico tanto na escola e na faculdade de Direito. Em seus últimos anos de vida, publicou diversos livros e tornou-se bastante respeitado enquanto ex-estadista.

Robert James Fisher (QI = 187)

Perfil
: Famoso campeão mundial de xadrez que aposentou-se precocemente, imediatamente depois de obter o troféu mundial, após derrotar diversos monstros sagrados do jogo.

Observações: Considera-se que, no ponto mais alto da sua carreira, atingiu o status de ser o melhor jogador de xadrez de todos os tempos, superando ídolos lendários como Capablanca e Alekhine.


Sharon Stone (QI = 136)

Perfil: Belíssima atriz, famosa pelos seus papéis de mulher sensual, misteriosa e fatal. Trabalhou como modelo antes de se tornar atriz.

Observações: Na infância, fazia o tipo nerd e participou de diversos programas de educação de superdotados. Formou-se em Literatura e Redação Criativa pelo Edinboro College, via bolsa de estudos.


Stephen William Hawking (QI = 160-180)

Perfil
: Famoso físico britânico conhecido tanto pelo seu livro de divulgação científica sobre Cosmologia Uma Breve História do Tempo quanto por ser confinado a uma cadeira de rodas e à comunicação via sintetizador de voz devido a uma doença degenerativa.

Observações: Além de superar as limitações impostas pela sua imobilidade de modo a conseguir ocupar a cátedra que foi de Sir Isaac Newton em Cambridge, é autor de uma complexa teoria do espaço-tempo para explicar certas inconsistências nas idéias anteriores acerca da origem do universo.

Truman Capote (QI = 215)

Perfil
: Gênio literário americano, autor de diversos best sellers, alguns dos quais se tornaram filmes de sucesso. Também foi um grande jet-setter, conhecendo bem praticamente todas as grandes figuras do showbiz em sua época. Sua atitude e seus escritos encarnam o espírito dos anos 60 e 70.

Observações: Sempre foi extremamente talentoso para a escrita e também para a interpretação (já foi indicado ao Globo de Ouro). Podia ler de cabeça para baixo e fazia excelentes discursos de improviso. Contudo, apresentava curiosas limitações em Matemática (não conseguia lidar bem com as quatro operações) e línguas (não pôde aprender italiano mesmo depois de morar nove anos na Itália), possivelmente devido a uma incapacidade de aprender o que não gosta.

William Clinton (QI = 140)

Perfil
: Ex-Presidente dos EUA entre 1992 e 2000, responsável por um período de intenso desenvolvimento tecnológico, econômico e social do país durante os seus oito anos de mandato.

Observações: Além de suas realizações na administração dos EUA, é conhecido por ser charmoso e cativante. Atualmente, apresenta sucesso como consultor e palestrante, havendo negociações para que tenha um programa de entrevistas na CNN.


William Gates III (QI = 160-170)

Perfil: Co-fundador e CEO da poderosa Microsoft, também detendo o título de homem mais rico do Mundo.

Observações: Apresenta gosto por jogos intelectuais e quebra-cabeças. É conhecido por produzir soluções brilhantes para problemas gerenciais em sua organização, além de um fenomenal talento para compreender e interagir com o mercado de alta tecnologia.

sábado, 20 de março de 2010

Primeiro Químico Brasileiro

Vicente Telles

  • Nasceu em 1764 em Congonha do Campo (Minas Gerais).
  • Em 1788 concluiu o curso de filosofia na Universidade de Coimbra.
  • Em 1791 concluiu o curso de medicina.
  • Em 1789 foi eleito sócio correspondente da Academia Real de Ciências de Lisboa.
  • Em 1791 a 1798 passar ser sócio livre a efetivo.
  • Em 1804 morreu

Obras

  • Dissertação sobre a Fermentação Geral e suas espécies, Coimbra, 1787.
  • Elementos de Chimica offerecidos à Sociedade Litteraria do Rio de Janeiro, Coimbra, 1788-1790.
  • Dissertação sobre o Calor, 1788.
  • Nomenclatura Chimica Portugueza, Franceza e Latina a que se junta o systema de characteres chimicos adaptados a esta nomenclatura por Hassenfratz e Adet, Lisboa 1801, uma tradução e adaptação para língua portuguesa da nomenclatura química de Lavoisier e seus colaboradores. A terminologia química de Seabra foi adoptada e mantém-se até hoje com algumas pequenas modificações.
  • Apresentou algumas memórias na Academia das Ciências de Lisboa, que foram publicadas pela Academia das Ciências de Lisboa em diversos volumes de Memórias, nomeadamente:
    • "Memória sobre a Cultura do Rícino ou Mamona", 1791; "Memória sobre o Método de Curar a Ferrugem das Oliveiras", 1792;
    • "Memória sobre a Cultura das Vinhas e Manufactura do Vinho";
    • "Memória em que se dá notícia das diversas espécies de Abelhas que dão Mel, prórpias do Brasil e desconhecidas na Europa", 1799;
    • "Memória sobre a Cultura do Arroz em Portugal e suas Conquistas", 1780;
    • "Memória sobre os Prejuízos causados pelas Sepulturas dos Cadáveres nos Templos e o Método de os Prevenir", Lisboa, 1801.
  • História, e Cura das Enfermidades mais usuaes do Boi, e do Cavalo, 2 vols., Lisboa, 1802, tradução do livro de Francisco Toggia.







quinta-feira, 18 de março de 2010

Mahatma Ghandi






Líder pacifista indiano (1869-1948). Principal personalidade da independência da Índia, seu nome verdadeiro é Mohandas Karamchand Gandhi. Mahatma significa “grande alma”. Forma-se em Direito em Londres e, em 1891, volta à Índia para praticar advocacia. Dois anos depois, vai para a África do Sul, também colônia britânica, onde inicia um movimento pacifista, lutando pelos direitos dos hindus. Volta à Índia em 1914 e difunde seu movimento, cujo método principal é a resistência passiva . Nega a colaboração com o domínio britânico e prega a não-violência como forma de luta. Em 1922 organiza uma greve contra o aumento de impostos, na qual uma multidão queima um posto policial. Detido, declara-se culpado e é condenado a seis anos, mas sai da prisão em 1924. Em 1930, lidera a marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé para protestar contra os impostos britânicos sobre o sal. Em 1947, é proclamada a independência da Índia. Gandhi tenta evitar a luta entre hindus e muçulmanos, que estabelecem um Estado separado, o Paquistão. Aceita a divisão do país e atrai o ódio dos nacionalistas hindus. Um deles o mata a tiros no ano seguinte. Em janeiro de 1996, parte das cinzas de Mahatma Gandhi é lançada no Rio Ganges, na cidade de Allahabad, local sagrado para os hinduístas. A cerimônia acontece no 49º aniversário de morte do líder pacifista.

Frases de Mahatma Ghandi:

“A não violência, que é uma qualidade inerente ao coração, não pode vir através do cérebro”.

“O fraco nunca pode perdoar, o perdão é um atributo do forte”.

“Liberdade e Escravidão são estados mentais”.

“O ódio pode ser superado apenas pelo amor”.

“Não existe caminho para a paz, a paz é o caminho”.

“Cada um deve achar sua paz a partir de dentro”

“Você deve ser a mudança que deseja ver no mundo”

“Sempre que estiver em confronto com um inimigo, vença-o com amor”

“Minha mais poderosa arma é a oração silenciosa”

terça-feira, 2 de março de 2010

Grandes Pensadores-John Dewey

John Dewey e a Escola Ativa
Pelo surgimento de uma Nova Escola

Imagem-de-John-Dewey

“A criança de três anos que descobre o que se pode fazer com blocos, ou a de seis anos que percebe o que acontece quando põe cinco cêntimos e mais cinco cêntimos juntos, é verdadeiramente um descobridor, mesmo que toda a gente no mundo já o saiba. Ocorre um genuíno incremento da experiência; não é apenas mais um item mecanicamente acrescentado, mas um enriquecimento com uma nova qualidade. O charme que a espontaneidade de crianças jovens nutrem por observadores simpáticos é devido à compreensão desta originalidade intelectual. A alegria que as próprias crianças sentem com as suas próprias experiências é a alegria da construção intelectual da criatividade, se me é permitido usar esta palavra, sem ser mal entendido”. (Democracia e Educação)

John Dewey é, certamente, um dos mais influentes pensadores na área da educação contemporânea. Esse destacado filósofo, psicólogo e pedagogo, nascido nos Estados Unidos, posicionou-se a favor do conceito de Escola Ativa, na qual o aluno tinha que ter iniciativa, originalidade e agir de forma cooperativa.

Dewey acreditava que escolas que atuavam dentro de uma linha de obediência e submissão não eram efetivas quanto ao processo de ensino-aprendizagem. Seus trabalhos alinhavam-se com o pensamento liberal norte-americano e influenciaram vários países, inclusive o movimento da Escola Nova no Brasil.

Entre seus conceitos destacam-se idéias como a defesa da escola pública, a legitimidade do poder político e a necessidade de autogoverno dos estudantes.
Nascido em 20 de outubro de 1859 em Burlington, no estado de Vermont. Era filho de Lucina Stermesia Rich e de Archibald Sprague Dewey. Estudou na Universidade de Vermont e em sua formação sofreu forte influência da teoria da evolução. A partir da idéia de seleção natural Dewey passou a perceber a importância da interação entre os homens e o meio-ambiente no que tange a questões de psicologia e epistemologia (Teoria do Conhecimento).

Apesar de ter estudado durante um longo período as influências filosóficas do realismo escocês durante a sua formação universitária, Dewey procurava referências mais amplas. Depois de se formar em 1879, Dewey lecionou por dois anos em escolas de ensino médio (High schools no sistema norte-americano), período durante o qual consolidou a idéia de que deveria trabalhar com filosofia.

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Entre as principais obras de Dewey estão “Democracia e Educação”, “Escola e Sociedade”
e “Experiência e Educação”, infelizmente não disponíveis em língua portuguesa.

Confirmando esse seu interesse, Dewey enviou um ensaio filosófico para W.T. Harris, que era editor do Journal of Speculative Philosophy, além de ser um dos mais conhecidos estudiosos dos trabalhos de Hegel. A aceitação de seu trabalho pelo renomado especialista motivou Dewey a aprofundar seus estudos e o levou a matricular-se na Universidade John Hopkins.

A estadia na John Hopkins fez com que Dewey tivesse contato com duas importantes referências para seu futuro profissional. A partir das explicações, aulas e aprofundamentos com o professor G. Stanley Hall, proeminente psicólogo experimental norte-americano, Dewey percebeu a importância da aplicação da metodologia científica nos estudos em Ciências Humanas.

O contato com o professor George Sylvester Morris, por outro lado, colocou Dewey em sintonia com as obras do hegelianismo e, especificamente, com o modelo orgânico de natureza concebido pelo idealismo alemão. Ao criar pontos de convergência entre essas duas teorias e linhas de pensamento, Dewey estabeleceu idéias gerais que embasaram parte de seus pensamentos e produções acadêmicas.

Ao obter a sua titulação de doutor no ano de 1884, Dewey aceitou convite para dar aulas na Universidade de Michigan, onde ficou por dez anos. Nesse período acabou produzindo suas primeiras obras: Psychology (1887) e Novos ensaios de Leibniz acerca da compreensão humana (1888).

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Fernando Azevedo e Anísio Teixeira, educadores brasileiros que se mobilizaram em
favor da Escola Nova foram influenciados em sua produção pela obra de John Dewey.

Os dois trabalhos demonstravam o alinhamento de Dewey com o idealismo hegeliano. Em Psychology, Dewey procurava criar vínculos maiores entre o idealismo e a ciência experimental. A Universidade de Michigan também foi importante para o filósofo e educador por ele ter ali conhecido um de seus mais destacados colaboradores, James Hayden Tufts, com quem veio a publicar sua obra “Ethics” (1908).

No ano de 1894, Tufts e Dewey foram para a recém-inaugurada Universidade de Chicago. Essa experiência foi fundamental para as obras do educador, pois permitiram que ele superasse seu pensamento idealista e adotasse uma linha mais prática e empírica baseada na Teoria do Conhecimento que estava de acordo com a Escola Americana do Pensamento, de bases pragmáticas.

A mudança ocorrida em seus estudos e conclusões levou Dewey a publicar uma série de ensaios que tinham o título coletivo “O pensamento e seus temas”. Esses trabalhos foram publicados por Dewey juntamente com outros professores da Universidade de Chicago numa obra conhecida como “Estudos em Teoria Lógica” (1903).

Outra experiência definidora de rumos para a obra de Dewey foi a fundação e direção de uma escola-laboratório em Chicago onde teve a oportunidade de aplicar novas idéias e métodos pedagógicos. Desse seu trabalho surgiu a sua primeira obra dedicada especificamente a educação, “A Escola e a Sociedade” (1889).

Problemas com a administração dessa escola em Chicago acabaram levando Dewey a mudar de ares em 1904 quando ele, já respaldado por sua reputação como autor, professor e filósofo, mudou-se para a Universidade Columbia, em Nova Iorque.

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“Em escolas equipadas com laboratórios, lojas e jardins, que livremente
introduzem dramatizações, jogos e desporto, existem oportunidades para
reproduzir situações da vida, e para adquirir e aplicar informação e idéias
num progressivo impulso de experiências continuadas. As idéias não são segregadas,
não formam ilhas isoladas. Animam e enriquecem o decurso normal da vida. Informação é
vitalizada pela sua função; pelo lugar que ocupa na linha de ação”. (Democracia e Educação)

A chegada a Columbia deu-lhe novos subsídios, pois se encontrava em uma instituição mais tradicional, que já havia abrigado alguns dos maiores pensadores norte-americanos. Era um período propício a entrar em contato com pensadores e filósofos representativos de outras linhas de pensamento.

Dessa época surgiram vários artigos sobre a teoria do conhecimento e a metafísica, dentre os quais muitos foram selecionados e publicados em dois livros: “A influência de Darwin na filosofia e outros ensaios sobre o pensamento contemporâneo” (1910) e “Ensaios em lógica experimental” (1916).

A produção na área da educação foi reforçada em seu período de trabalho na Universidade de Columbia com o surgimento de duas obras de grande importância: “Como nós pensamos” (1910), em que aplicava a Teoria do Conhecimento a Educação; e “Democracia e Educação” (1916), sua maior contribuição à pedagogia.

Além de teorizar em educação, filosofia e psicologia, Dewey também era conhecido publicamente por posicionar-se como analista de temas contemporâneos. Contribuía com revistas populares como The New Republic e Nation e tomava partido em causas com as quais se identificava, como foram os casos da luta pelo voto feminino ou seus esforços em favor da criação de sindicatos para professores.

Seus principais trabalhos a partir dos anos 1920 surgiram de palestras proferidas em eventos acadêmicos e populares nos quais participava como convidado. Entre esses trabalhos incluem-se “Reconstrução e Filosofia” (1920), “Natureza Humana e Conduta” (1922), “Experiência e Natureza” (1925), “Em busca de Certezas” (1929).

Os anos 1930 marcam a aposentadoria de Dewey das atividades educacionais. Entretanto, o educador continuou ativo publicamente com destacadas participações em eventos de repercussão internacional (como em seus posicionamentos favoráveis ao colega filósofo Bertrand Russell, ameaçado de perder sua cadeira como professor no College de Nova Iorque por setores conservadores) ou ainda através da publicação de novos artigos e livros.

Antes de seu falecimento em 1952, aos noventa e dois anos, Dewey ainda teve algumas outras obras publicadas como “Arte como experiência” (1934), “Liberdade e Cultura” (1939), “Teoria da Validação” (1939), entre outras.

Grandes Pensadores - Paulo Freire


INFÂNCIA


O quintal da casa, na Estrada do Encanamento, 724, no bairro Casa Amarela, no Recife (PE), foi o espaço de alfabetização de Paulo Freire. Ali, aprendeu a ler e também a escrever, utilizando os gravetos que encontrava pelo chão. Criou-se em um ambiente católico, junto com os irmãos e as irmãs, cercado de muito afeto e atenção dos pais, a ponto de só adormecer embalado pelo som do violão tocado pelo “seu papá”, como o chamava. À sombra das mangueiras, sua mãe o ensinou a ler as palavras que o permitiriam ler o mundo à sua volta.
Talvez um prenúncio daquele que seria o mais revolucionário método de alfabetização proposto no século XX, criado por Paulo Freire na década de 1960, que tinha a realidade do aluno como ponto de partida para a aprendizagem permanente.
Sua mãe escreveu para ele um Livro do Bebê, onde revela fatos, hábitos e casos da sua infância. Ela começa falando do dia do seu nascimento:

"Paulo nasceu numa segunda-feira de tristeza e aflições, pois o seu Papá estava muito mal, sem esperanças de restabelecer-se, quase que o Paulinho seria órphão ao nascer, porém, o bom Jesus livrou-o dessa desaventura, presenteou-o restituindo a saúde ao seu Papá".
(In: Ana Maria Araújo, em "A voz da esposa", Paulo Freire: uma biobibliofrafia, 1995).

A senhora Edeltrudes confessa que ele é orgulhoso e que só falará quando souber mesmo. Fala do quanto ele é afetuoso e ciumento e não consente que seus irmãozinhos aproximem-se da mãe. Fica com raiva e diz logo "sai, sai, mamãe minha". (In: Ana Maria Araújo, em "A voz da esposa", Paulo Freire: uma biobibliofrafia, 1995).
Paulo Freire foi uma criança muito devota. Assim diz a mãe: "com verdadeiro carinho pega no crucifixo". “Ele não se conformava em ir à aula sem as lições prontas, chorava demais. Enquanto não tinha certeza que sabia, não comparecia à aula", acrescentou ela. (Livro do Bebê in Ana Maria Araújo Freire no livro Paulo Freire: uma biobibliografia, em “A voz da esposa”).
Aos 6 anos, já alfabetizado, ele entra para a escola particular da sua primeira professora, Eunice Vasconcelos, a quem se refere sempre como “professorinha”, uma presença muito forte em sua formação. Ela o ensinou a colocar no papel quantas palavras pudesse, para depois formar sentenças e discutir com ele o significado de cada uma delas:

“Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua – os verbos, seus modos, seus tempos...
A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.”
(Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola,
em dezembro de 1994.)

JUVENTUDE E UNIVERSIDADE

A crise econômica de 1929 produziu reflexos muito acentuados no Nordeste. Em busca de melhores condições de vida, seu pai levou a família para a cidadezinha de Jaboatão dos Guararapes, a 18 km do Recife. Paulo Freire tinha 10 anos de idade. Ali conheceu a dor, com a morte do pai, aos 13 anos, e o sofrimento ao assistir a mãe ter que sustentar sozinha toda a família, convivendo com privações materiais e muitas dificuldades financeiras.

“Eu acho que uma das coisas melhores que eu tenho feito na minha vida, melhor do que os livros que eu escrevi, foi não deixar morrer o menino que eu não pude ser e o menino que eu fui, em mim.”
(Moacir Gadotti, Convite à Leitura de Paulo Freire da Série Pensamento e Ação no Magistério, Mestres da Educação.)

Nos campos de futebol de Jaboatão, ele mantinha contato com a camada mais pobre da cidade, jogando peladas com meninos camponeses e filhos de operários que moravam em morros e brincavam em córregos. Com eles, Paulo Freire descobriu uma forma diferente de pensar e de se expressar – era a linguagem popular, à qual ele sempre privilegiou usando-a mais tarde como educador.



“Eu consegui fazer, Deus sabe como, o primeiro ano de ginásio com 16 anos. Idade com que os meus colegas de geração, cujos pais tinham dinheiro, já estavam entrando na faculdade. Fiz esse primeiro ano de ginásio num desses colégios privados, em Recife; em Jaboatão só havia escola primária. Mas minha mãe não tinha condições de continuar pagando a mensalidade e, então, foi uma verdadeira maratona para conseguir um colégio que me recebesse com uma bolsa de estudos. Finalmente ela encontrou o Colégio Osvaldo Cruz e o dono desse colégio, Aluízio Araújo, que fora antes seminarista, casado com uma senhora extraordinária, a quem eu quero um imenso bem, resolveu atender o pedido de minha mãe.”
(In: Revista Ensaio, nº 14, 1985, p. 5.)


Foi assim que Paulo Freire conseguiu concluir seus estudos secundários. Aos 22 anos, Paulo Freire ingressa na Faculdade de Direito do Recife. Naquela época, o curso de direito era a única alternativa na área de ciências humanas. Nesse período, conheceu a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, alfabetizadora, cinco anos mais velha do que ele, com quem se casou em 1944, e teve 5 filhos – Maria Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes.
Ainda nessa época, o mesmo Colégio Oswaldo Cruz que o acolheu como bolsista na adolescência, contratou-o como professor de língua portuguesa.




“Em algum momento, entre os 15 e os 23 anos, descobri o ensino como paixão.”
(Moacir Gadotti, Convite à Leitura de Paulo Freire da Série Pensamento e Ação no Magistério,
Mestres da Educação.)

Sua “carreira” de advogado resumiu-se a uma única causa:

“Tratava-se de cobrar uma dívida. Depois de conversar com o devedor, um jovem dentista tímido e amedrontado, deixei-o ir em paz. Ele ficou feliz por eu ser advogado, e eu fiquei feliz por deixar de sê-lo.”
(Moacir Gadotti, Paulo Freire: uma biobibliografia, 1996.)
Em 1947, Paulo Freire assume o cargo de Diretor do Setor de Educação do SESI do Recife - Serviço Social da Indústria, onde travou contato com a questão da educação de adultos/trabalhadores e percebeu a necessidade de executar um trabalho direcionado à alfabetização. Estudando as relações entre alunos, mestres e pais de alunos do SESI, Paulo Freire conheceu a realidade dos trabalhadores e as particularidades da sua linguagem. Entendeu que educar era, sobretudo, discutir as condições materiais de vida do trabalhador comum. Dedicou-se a estudar a linguagem do povo, consolidando seus trabalhos em educação popular. Sua primeira experiência como professor universitário foi na Escola de Serviço Social, lecionando Filosofia da Educação. Doutorou-se em Filosofia e História da Educação em 1959, com a tese ”Educação e Atualidade Brasileira”. No início dos anos 60 engajou-se nos movimentos de educação popular, entre eles o Movimento de Cultura Popular (MCP), a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler” e a Campanha de Alfabetização de Angicos (alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 45 dias), ambas no Rio Grande do Norte, e coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, do Governo Goulart.

O CRIADOR DE IDÉIAS, O EDUCADOR

Durante mais de 15 anos, entre as décadas de 1950 e 1960, Paulo Freire dedicou-se às experiências no campo da educação de adultos em áreas proletárias e subproletárias, urbanas e rurais, em Pernambuco. Seu método de alfabetização nasceu dentro do MCP – Movimento de Cultura Popular do Recife – a partir dos Círculos de Cultura, onde os participantes definiam as temáticas junto com os educadores. Nesses grupos populares, ele identificou resultados tão positivos que passou a se questionar se não seria possível fazer o mesmo em uma experiência de alfabetização.
A educação como prática da liberdade é concebida dentro de um contexto em que o processo de desenvolvimento econômico e o movimento de superação da cultura colonial nas "socidades em trânsito" que se define pela sociedade sem democracia para uma sociedade em processo de democratização, do ponto de vista do oprimido, na construção de uma sociedade democrática. Freire acredita que a educação tem papel imprescindível no processo de conscientização e nos movimentos de massas. Por considerá-la desafiadora e transformadora, mostra que para alcançá-la são imprescindíveis o diálogo crítico, a fala e a convivência. Educador e educando se movimentam no mesmo cenário, mas as diferenças entre eles acontecem “numa relação em que a liberdade do educando não é proibida de exercer-se”. Essa opção não é, apenas, pedagógica, mas sobretudo, política, o que faz do educador um político e um artista, jamais neutro.
Na sua concepção, a educação é um momento do processo de humanização, um ato político, de conhecimento e de criação. Portanto, educação implica no ato do conhecer entre sujeitos conhecedores, e conscientização é ao mesmo tempo uma possibilidade lógica e um processo histórico ligando teoria com práxis numa unidade indissolúvel.


“A conscientização é um compromisso histórico (...), implica que os homens assumam seu papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua existência com um material que a vida lhes oferece (...), está baseada na relação consciência-mundo".
(Paulo Freire, Educação como prática da liberdade, 1966.)



Paulo Freire revelou ao mundo uma educação para além da sala de aula, da educação formal, capaz não só de ensinar conteúdos e comportamentos socialmente esperados e aceitos, mas também capaz de conscientizar a todos e a todas. Mais objetivamente pensou nos jovens e adultos trabalhadores, homens do campo e da cidade para abrir-lhes a possibilidade de enfrentarem a opressão e as injustiças.

Características conceituais da concepção educacional de Paulo Freire (com base na análise de Carlos Alberto Torres no livro Paulo Freire: Uma Biografia Intelectual).

• “Interpretar o desenvolvimento da consciência humana e seu relacionamento com a realidade, permitindo que o educando a transforme com sua prática.
• A educação não é uma questão pedagógica. Ao contrário, é uma questão política. Pedagogia crítica, como uma práxis cultural, contribui para revelar a ideologia encoberta na consciência das pessoas.
• A pedagogia do oprimido é designada como um instrumento de colaboração pedagógica e política na organização das classes sociais subordinadas;
• A especificidade da sua proposta é a noção de consciência crítica como conhecimento e práxis de classe.
• Em termos educacionais, sua concepção é uma proposta anti-autoritária, na qual professores e alunos ensinam e aprendem juntos. Partindo-se do princípio que educação é um ato de saber, professor-aluno e aluno-professor devem engajar-se num diálogo permanente caracterizado por seu ‘relacionamento horizontal’. Esse é um processo que toma lugar não na sala de aula, mas num círculo cultural.”

Algumas palavras próprias da pedagogia de Paulo Freire:

Amorosidade Para Freire, a “educação é um ato de amor”, sentimento em que homens e mulheres vêem-se como seres inacabados e, portanto, receptivos para aprender.
Cultura Para Freire, “cultura é tudo o que é criado pelo homem. É o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador e recriador (...).”
Curiosidade A curiosidade alimenta o desejo de saber mais. Ela causa inquietação, insatisfação desencadeando a busca pelo conhecimento. "Não é a curiosidade espontânea que viabiliza a tomada de distância epistemológica. Essa tarefa cabe à curiosidade epistemológica – superando a curiosidade ingênua, ela se faz mais metodicamente rigorosa. Essa rigorosidade metódica é que faz a passagem do conhecimento ao nível do senso comum para o conhecimento científico. Não é o conhecimento científico que é rigoroso. A rigorosidade se acha no método de aproximação do objeto." (FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 2ª edição, 1995, p. 78.)
Diálogo “O diálogo aproxima os homens entre si e do mundo em que vivem. É capaz de transformá-lo e, transformando-o, o humaniza para a humanização de todos.”
Leitura do mundo Ler o mundo é aproximar-se criticamente da realidade. A leitura de mundo possibilita a análise crítica da realidade e a sua compreensão.
Política A educação, na perspectiva da prática da liberdade, é um ato político. Não existe educação neutra. Na concepção de Freire, política é o conjunto de opiniões e/ou simpatias de uma pessoa com relação à sua realidade e sua capacidade de transformá-la.

ANTES DO EXÍLIO

Paulo Freire vive intensamente seu tempo e o ambiente histórico-político entre a Revolução de 30 e o Golpe Militar de 64. É nesse período que nasce e se consolida a essência de sua obra. Suas pedagogias nascem de suas práticas, da totalidade de suas experiências de vida. Surgem do envolvimento com camponeses e trabalhadores, desde a época de peladas nos campos de futebol de Jaboatão dos Guararapes/PE, passando pelo SESI e pelo engajamento nos movimentos populares, ainda na época do Recife, a partir da metade da década de 1950.
No SESI, como Diretor do Departamento de Educação e Cultura, atuou junto às famílias, com as crianças, as mulheres e também encorajando os trabalhadores a discutir seus problemas, integrando-se efetivamente ao processo histórico, por meio das comunidades.
Paulo Freire foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular do Recife (MCP), onde, ao lado de outros intelectuais e do povo, trabalhou para assegurar a inserção crítica e transformadora das classes oprimidas na sociedade brasileira, a partir da cultura popular. No Centro de Cultura Dona Alegarinha, um círculo de cultura do MCP que discutia os problemas cotidianos na comunidade de Poço da Panela, em Recife, Freire trabalha de forma mais sistemática o que viria a ser chamado de método de alfabetização.

“... era preciso que eu fosse ao contexto de quem ia aprender a ler, para pesquisar o discurso da cotidianidade e de lá retirar o vocabulário a ser utilizado no processo.” (Descrição a Nilcéa Lemos Pelandré, Pelandré, 2002, p. 59.)


Rapidamente seu trabalho começou a se tornar muito conhecido. Surgia ali mais que um método, uma filosofia e um sistema de educação capaz de alfabetizar os cerca de 40 milhões de iletrados do Brasil naquele final da década de 1950.
Dessa forma, suas idéias influenciaram a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, desenvolvida pelo então prefeito de Nata-RNl, Djalma Maranhão. Ainda no Rio Grande do Norte, desta vez na cidade de Angicos, Freire realiza sua mais marcante experiência na época, desenvolvida entre janeiro e março de 1963, quando 300 trabalhadores rurais são alfabetizados em 45 dias.Convidado pelo então ministro da educação do Governo João Goulart, Paulo de Tarso,o educador Paulo Freire assumiu o cargo de coordenador do recém-criado Programa Nacional de Alfabetização, o qual, utilizando seu método, pretendia alfabetizar 5 milhões de adultos em mais de 20 mil círculos de cultura.
Campanha de Alfabetização, Reformas de Base e as Ligas Camponesas integraram um cenário onde o nacionalismo influenciou a mobilização popular que antecedeu o golpe militar.Criado em janeiro de 1964, o Plano foi extinto pela Ditadura Militar, logo depois do golpe. Paulo Freire foi preso por duas vezes.
A Embaixada da Bolívia foi a única que o aceitou como refugiado político. Em setembro de 1964, Paulo Freire deixa o Brasil rumo ao exílio.

O EXÍLIO

Em setembro de 1964, com 43 anos, Paulo Freire partiu para a Bolívia levando na bagagem uma trajetória de experiências singulares na alfabetização de adultos, de grande alcance social, que rapidamente conquistaram atenção e respeito por parte de governos, educadores e intelectuais de todo o mundo.
Freire ficou muito pouco tempo na Bolívia, por causa da altitude de La Paz e também pelo golpe de Estado que derrubou o governo de Paz Estensoro. Seguiu para Santiago, no Chile, onde chegou em novembro de 1964. Viveu neste país até abril de 1969, quando foi convidado para lecionar nos Estados Unidos e também para atuar no Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra, Suíça. Aceitou os dois convites, permanecendo inicialmente 10 meses em Harvard, onde deu forma definitiva ao livro Ação Cultural para a Liberdade. Nesse período, escreve dois de seus livros mais conhecidos: Educação Como Prática da Liberdade e Pedagogia do Oprimido.



“Para mim, o exílio foi profundamente pedagógico. Quando, exilado, tomei distância do Brasil, comecei a compreender-me e a compreendê-lo melhor."
(Trecho de uma conversa com Frei Betto, extraída do livro Essa escola chamada vida (pp. 56-8) – in Paulo Freire: uma biobibliogfrafia).

“Foi exatamente ficando longe dele, preocupado com ele, que me perguntei sobre ele. E, ao me perguntar sobre ele, me perguntei sobre o que fizeram com outros brasileiros, milhares de brasileiros da geração jovem e da minha geração. Foi tomando distância do que fiz, ao assumir o contexto provisório, que pude melhor compreender o que fiz e pude melhor me preparar para continuar fazendo algo fora do meu contexto e também me preparar para uma eventual volta ao Brasil.”
(Trecho de uma conversa com Frei Betto, extraída do livro Essa escola chamada vida (pp. 56-8) – in Paulo Freire: uma biobibliogfrafia).

Ainda no exílio, entre 1970-1980, após sua transferência para Genebra, assumiu o cargo de consultor do Conselho Mundial das Igrejas. Como conselheiro educacional do Conselho, Paulo Freire ganhou maior dimensão mundial. Ao lado de outros brasileiros exilados, fundou o Instituto de Ação Cultural (IDAC), cujo objetivo era prestar serviços educativos, especialmente aos países do Terceiro Mundo que lutavam por sua independência. Em 1975, Freire e a equipe do IDAC receberam o convite de Mário Cabral, Ministro da Educação da Guiné-Bissau, para colaborarem no desenvolvimento do programa nacional de alfabetização daquele país. A África deu a Paulo Freire e a seus colaboradores o campo prático para experiências pelas quais eles tinham esperado tanto.
Entre 1975 e 1980, Freire trabalhou também em São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Angola, ajudando os governos e seus povos a construírem suas nações recém-libertadas do jugo português, através de um trabalho de educação popular. Nesse período genebrino, Paulo Freire “andarilhou” muito por alguns países do continente africano, asiático, europeu, americano e da Oceania, exercendo atividades político-educativas em vários países dos 5 continentes, mas de modo especial na Austrália, Itália, Nicarágua, Ilhas Fiji, Índia, Tanzânia e os países de colonização portuguesa supra-citados.



TRECHO DA CARTA DE PAULO FREIRE A CLODOMIR MORAES

(companheiro de prisão de Paulo Freire, em um quartel de Olinda):

Lembrando os ensinamentos da prisão
Clodomir, velho de guerra,
amigo-irmão,
nas minhas conversas comigo mesmo sempre lembrado;
nas minhas conversas com outras gentes,
nas minhas memórias de nossas "férias" passadas
juntos, no R-2, lá em Olinda, lembro sempre.
Amigo-irmão, velho de guerra,
que me ensinou, com paciência, como viver entre paredes;
como falar, com coronéis, jamais dizendo um aliás;
que me ensinou a humildade, não só a mim,
também aos outros que lá estavam, na prisão
grande da bela Olinda, não com palavras que o vento leva,
mas com exemplo - palavração!
que me contou estórias lindas de Pedro Bunda e
seu irmão - "pencas de almas" dependuradas
em fortes troncos, na solidão;
soldados alemães desembarcados no São Francisco.
que me falou, com amor tanto, de seu povo
lá do sertão, de seus poetas, de seus músicos, de seus maestros.
Clodomir, Colodomiro, velho de guerra,
amigo-irmão, sempre lembrado, agora, de longe,
de bem longe, te mando a ti, a Célia e aos que de ambos já chegaram,
uma penca enorme de abraços nossos.

Paulo
Genèvre, 16/01/1975

ATIVIDADES NO EXÍLIO

CHILE (novembro de 1964 a abril de 1969)
- Assessor do Instituto de Desarollo Agropecuário e do Ministério da Educação do Chile.
- Consultor da Unesco junto ao Instituto de Capacitación e Investigación em reforma Agrária do Chile. Neste país escreve Pedagogia do Oprimido que é resultado dos seus cinco primeiros anos de exílio e expressa suas vivências com a educação popular, de conscientização, libertação e justiça social.


ESTADOS UNIDOS (abril de 1969 a fevereiro de 1970)
- Professor convidado da Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachussetts, onde dava aulas sobre suas próprias reflexões.


GENEBRA (fevereiro de 1970 a março 1980)
- Consultor do Conselho Mundial das Igrejas - conselheiro educacional de governos do Terceiro Mundo;
- Presidente do Conselho Executivo do IDAC.
Neste período Paulo Freire “andarilhou” pelos continentes africano, asiático e europeu.


REAPRENDENDO O BRASIL

“Dezesseis anos de ausência exigem uma aprendizagem e uma maior intimidade com o Brasil de hoje. Vim para reaprender o Brasil.”
(Paulo Freire, ainda no aeroporto, quando do seu retorno ao Brasil. In Paulo Freire: uma biobibliogfrafia.)

O retorno de Paulo Freire ao Brasil foi um momento histórico para a educação no Brasil. Depois de várias tentativas de conseguir o seu passaporte nas representações consulares brasileiras, em países diferentes, Paulo Freire finalmente obtém o documento, graças a um mandado de segurança. Em junho de 1980, aos 57 anos, Paulo Freire desembarca no aeroporto de Viracopos em Campinas, regressando definitivamente ao país que havia deixado em 64, sob o comando dos militares. Sua vontade era reassumir as funções na Universidade de Pernambuco, mas as restrições ainda vigentes o impediram. Fixou residência em São Paulo. Aceitou o convite para lecionar na Faculdade de Educação da Unicamp, em Campinas e logo depois ingressou no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação (supervisão e currículo) da PUC/SP. Paulo Freire participa da fundação do Vereda – Centro de Estudos em Educação, também em São Paulo, cujo objetivo era desenvolver pesquisas, prestar assessoria e atuar na formação de professores dedicados à prática da educação popular. Ele envolve-se, dessa forma, nos movimentos de professores, movimentos de educação popular e na luta da classe trabalhadora com educadores jovens, valorizando-os e desenvolvendo trabalhos de aprendizado em conjunto.
Viveu momentos de grande conhecimento e produtividade neste seu reaprendizado do Brasil.

Nesse tempo, abordou assuntos variados:

  • sua posição socialista, sua religiosidade.
  • o grande poder de manipulação e domesticação da TV ao reproduzir sonhos alienadores e inacessíveis à classe dominada.
  • a constatação de que a TV está intimamente ligada ao autoritarismo.
  • o estímulo aos alunos a não aceitação do currículo imposto, tomando nas mãos sua própria educação.

“A transformação da educação não pode antecipar-se à transformação da sociedade, mas esta transformação necessita da educação”.
(Debate com professores mineiros, em 1981, in Moacir Gadotti, Convite à Leitura de Paulo Freire, da Série Pensamento e Ação no Magistério, Mestres da Educação).

No dia 24 de outubro de 1986, Paulo Freire perde sua primeira esposa, Elza Maia Costa Freire, com quem ficou casado durante 40 anos, tristeza irreparável, desolação, um enorme vazio invade sua vida. Mas o reencontro com uma amiga de infância, agora como aluna-orientanda no curso de mestrado da PUC, preenche novamente sua existência e alegra seu viver. No dia 27 de março de 1988, ele casa-se com Ana Maria Araújo Freire. Com a chegada ao poder do Partido dos Trabalhadores, que ajudou a fundar, Paulo Freire assume o cargo de Secretário de Educação da cidade de São Paulo, em janeiro de 1989, na gestão da então prefeita Luiza Erundina. Como Secretário de Educação, Paulo Freire atuou de maneira integral, reformando escolas, estruturando os colegiados, reformulando o currículo escolar, capacitando os professores e formando o pessoal administrativo e técnico. Ele mesmo diz que as mudanças estruturais mais importantes introduzidas na escola incidiram sobre a autonomia da escola, com o restabelecimento dos conselhos de escolares e dos grêmios estudantis. (Moacir Gadotti, Convite à Leitura de Paulo Freire da Série Pensamento e Ação no Magistério, Mestres da Educação.)

“O avanço maior ao nível da autonomia da escola foi o de permitir no seio da escola a gestação de projetos pedagógicos próprios que com apoio da administração pudessem acelerar a mudança da escola.”
(A Educação na Cidade, pp. 79-80, 1991.)


Em parceria com os movimentos populares, Paulo Freire criou o MOVA-SP (Movimento de Alfabetização da Cidade de São Paulo), destinado a jovens e adultos. Era a fórmula para fortalecer os movimentos sociais populares e estabelecer novas alianças entre sociedade civil e Estado. No dia 22 de maio de 1991, Freire se afasta do cargo de Secretário, mas continua ativo como colaborador. Como disse a então prefeita Luiza Erundina, Paulo Freire estava sendo “devolvido ao mundo”. Passou a se dedicar novamente a escrever artigos e livros, alguns em colaboração com outros educadores (livros falados, como os chamava), voltou à docência na PUC/SP. A partir de 1987, tornou-se um dos membros do Júri Internacional da UNESCO. Freire escreveu com os principais educadores da década de 1980, concebendo uma produção rica e essencial para a questão da educação popular, progressista, libertadora e transformadora.
O coração de imensa fraternidade, amor e paixão por todas as gentes e pelas causas do planeta solidário, cessou de movimentar no dia 2 de maio de 1997. Um infarto silenciou Paulo Freire aos 75 anos de idade, mas não encerrou sua obra. Ele deixou um legado de imensa contribuição para a educação, com reflexos em áreas como a filosofia, a arte, a física, a matemática, a geografia, a história, a literatura, entre outras.
Será para sempre um mestre, um expressivo homem de todos os tempos.